Amazonas – A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou por maioria de votos a venda da Amazonas Energia para a Âmbar, do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A decisão traz à tona preocupações alarmantes sobre o futuro da distribuição de energia no estado do Amazonas. Com um plano que limita os custos da operação a R$ 8 bilhões, a proposta impõe condições que, até o momento, a empresa não concordou, deixando os consumidores à mercê de incertezas que podem afetar diretamente suas contas de luz.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) condicionou a venda ao pagamento de R$ 10 bilhões em dívidas atrasadas da distribuidora e à renúncia de qualquer direito de contestação judicial. Essa exigência levanta questões sobre a capacidade da Âmbar de gerir uma empresa tão problemática e deficitária, que já enfrenta sérios desafios, como furtos de energia e inadimplência de consumidores.
A proposta inicial da Âmbar previa um custo de R$ 16 bilhões para os consumidores em 15 anos. No entanto, diante da pressão da Aneel, que visava reduzir os impactos financeiros sobre a população, o grupo dos irmãos Batista apresentou uma nova proposta de R$ 14 bilhões. Mesmo assim, a empresa já deixou claro que não aceita os termos exigidos pela agência, levantando dúvidas sobre sua disposição em arcar com as responsabilidades que a administração da distribuidora exigiria.
Mas quais podem ser as consequências dessa negociação para a população amazonense? Com a possível ineficiência na gestão da Amazonas Energia por parte de uma empresa que, segundo especialistas, não possui a experiência necessária no setor de distribuição, os consumidores podem enfrentar um cenário de aumento das tarifas de energia. Se a Âmbar não conseguir estabilizar a operação e resolver os problemas existentes, os amazonenses podem ter que escolher entre acionar o ar-condicionado ou recorrer a ventiladores para se refrescar no calor intenso da região.
Além disso, o cenário de incerteza política e a pressão do governo federal para que a Aneel aceite a proposta dos Batista apenas adicionam um camada extra de complexidade ao processo. A relação estreita entre os irmãos Batista e o governo levanta questões sobre a transparência e a integridade desse negócio, colocando em xeque a confiança da população na capacidade do grupo em administrar uma distribuidora vital para a região.
A validade da medida provisória que beneficia a Âmbar expira em 10 de outubro, e, sem um contrato assinado, a empresa poderá perder essa oportunidade. No entanto, se a venda se concretizar sob as atuais condições, será a população que pagará o preço, não apenas em termos financeiros, mas também em qualidade de vida, tendo que se adaptar a um novo cenário de incertezas energéticas.
Os amazonenses merecem um sistema de energia que não apenas atenda às suas necessidades, mas que também seja gerido de forma responsável e transparente. A esperança é que a Aneel, ao impor condições rígidas, esteja de fato protegendo os interesses da população, e que os irmãos Batista revejam suas prioridades e se comprometam com a melhoria dos serviços. Caso contrário, o que já é um desafio poderá se transformar em uma crise, fazendo com que muitos troquem o ar-condicionado pelo ventilador, em uma realidade que ninguém gostaria de enfrentar.
Imagem: Portal CM7 Brasil.
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