Brasil – As recentes enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul não apenas causaram estragos diretos, mas também desencadearam uma série de preocupações econômicas em nível nacional, particularmente em relação ao abastecimento de arroz. Com a produção agrícola e a logística afetadas pelas fortes chuvas, especialistas alertam para um possível aumento nos preços do arroz no Brasil.
O estado do Rio Grande do Sul desempenha um papel crucial na produção nacional de diversos produtos agrícolas, incluindo milho, soja e, especialmente, arroz. Samuel Isaak, analista de commodities da XP Investimentos, destacou que quase 70% da produção nacional de arroz é proveniente do Rio Grande do Sul, o que torna o estado uma peça fundamental no abastecimento do país.
Apesar de grande parte das safras já ter sido colhida, as enchentes afetaram áreas-chave de produção, como Soledade, Santa Maria e Lajeado, gerando preocupações sobre o impacto na disponibilidade e nos preços do arroz. Isaak ressaltou que embora ainda não tenha havido um aumento nos preços registrados oficialmente, a situação precisa ser monitorada de perto nas próximas semanas.
O temor de uma escassez de arroz já está se manifestando em algumas regiões do Brasil. Em Belo Horizonte, supermercados já estão limitando a compra de arroz a cinco unidades por pessoa, indicando preocupações com a possibilidade de desabastecimento.
Além dos impactos imediatos no abastecimento, as enchentes no Rio Grande do Sul também têm repercussões em nível nacional devido à interrupção das operações industriais e logísticas. Com estradas e rodovias submersas, bem como o fechamento do aeroporto de Porto Alegre, as cadeias de suprimentos enfrentam desafios significativos.
Minas Gerais começa a sentir o impacto
A preocupação com os impactos econômicos das enchentes se estende além das fronteiras do Rio Grande do Sul. Minas Gerais, importante parceiro comercial do estado, já observa os reflexos da crise, com especialistas alertando para possíveis repercussões nas exportações e importações entre os dois estados. O temor dos impactos dos temporais no Rio Grande do Sul parece ter chegado a Belo Horizonte. Supermercados da capital mineira já estão restringindo a compra do arroz a cinco unidades por pessoa. O risco de um possível desabastecimento foi citado nesta terça-feira (7), inclusive, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo ele, o país pode precisar importar o cereal para equilibrar a produção e conter o aumento dos preços. Nesta terça-feira (7), o Hoje em Dia flagrou a situação em uma loja do Supermercados BH, na região Oeste. Lá, prateleiras estão com um aviso, indicando a restrição. “ATENÇÃO!!! Srs clientes: arroz limitado 5 unidades por pessoa”. Funcionários evitaram dar detalhes sobre a medida, informando apenas que “é por causa da chuva no Sul”.
Governo Federal quer importar arroz para não deixar preço subir
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou nesta terça-feira que o governo federal irá editar uma medida provisória para viabilizar a importação de 1 milhão de toneladas de arroz para suprir as perdas com as inundações do Rio Grande do Sul. O objetivo é evitar que haja especulação sobre o preço do produto, com aumento para o consumidor.
Mais cedo em entrevista a rádios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia falado sobre a possibilidade de importar arroz por causa das chuvas no estado, que concentra 70% da produção nacional. Segundo o ministro, a compra deverá ser feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, no mercado externo.
“O Rio Grande do Sul detém 70% da produção de arroz do Brasil. Tivemos perdas de arroz que estava nos armazéns alagados. Além disso, a grande dificuldade é a logística, tirar o arroz do Rio Grande do Sul e levar para o centro de distribuição. Está sendo preparada a MP autorizando a Conab a fazer compras na ordem de 1 milhão de toneladas”, disse Fávaro, após reunião sobre a tragédia, no Palácio do Planalto.
CM7