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Rússia está resistindo às punições econômicas do ocidente; veja dados

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Mundo – Previsões diziam que a economia da Rússia entraria em colapso após a imposição de sanções sem precedentes contra Moscou, devido à Guerra da Ucrânia. Mas nesta semana, o escritório de estatísticas russo Rosstat disse que o PIB (Produto Interno Bruto) russo nos primeiros seis meses do ano caiu apenas 0,4%.

O investimento de capital aumentou, o rublo se recuperou e a inflação –que disparou quando a guerra começou– começou a cair, segundo dados oficiais. Nesta semana, um alto funcionário do governo russo previu que o PIB para todo o ano de 2022 seria apenas 3% menor e não se retrairia em um terço, como disseram alguns especialistas.

Então, o que está acontecendo? Como esperado, as receitas de petróleo e gás, principalmente da União Europeia, continuam a fortalecer as finanças do país, apesar de nações como Alemanha e Itália terem reduzido sua dependência da energia russa. A gigante estatal de energia Gazprom acaba de anunciar um lucro recorde no primeiro semestre de 2,5 trilhões de rublos (o equivalente a US$ 41,36 bilhões), provocando um aumento de 30% no preço de suas ações.

“Mesmo que a economia russa tenha um desempenho pior do que há seis meses, isso não é suficiente para impedir [o presidente russo Vladimir] Putin de financiar a guerra”, diz à DW Maxim Mironov, professor de finanças da IE Business School, em Madri.

Não há dúvida de que as sanções ocidentais começaram a fazer feito. No mês passado, um estudo da Universidade de Yale constatou que as importações para a Rússia entraram em colapso e que os fabricantes estão tendo dificuldades para obter componentes, incluindo semicondutores e outras peças de alta tecnologia.

A posição da Rússia como exportadora de commodities foi irreversivelmente corroída, segundo o relatório, já que Moscou tem que vender mais petróleo e gás à Ásia com grande desconto. Colapso econômico em ‘dois anos’ Um dos coautores do relatório, o professor de administração Jeffrey Sonnenfeld, disse recentemente à britânica Times Radio que a economia da Rússia só poderia “sobreviver com tremendas dificuldades por mais ou menos dois anos”, desde que o Ocidente
permaneça firme nas sanções. Outros especialistas em comércio acreditam que um colapso econômico total levará muito mais tempo.

“No longo prazo, a Rússia não passará de um posto de gasolina para a China”, diz à DW Rolf J. Langhammer, especialista alemão em comércio e ex-vice-presidente do Instituto para Economia Mundial (IfW), de Kiel. “Mas não compro esse argumento de que a economia entrará em colapso em dois anos”, ressalta. Ele explica que a Rússia passou vários anos construindo suas economias de guerra e que especialistas em finanças internacionais acreditam que o país está bem preparado para qualquer dissociação econômica do Ocidente.

“O Fundo Monetário Internacional (FMI) escreveu no ano passado que a Rússia havia acumulado dinheiro desde o conflito de 2014 no leste da Ucrânia e a anexação da Crimeia e estava preparada para uma guerra de desgaste”, sublinha o especialista. Langhammer observa que a Alemanha pagou 20 bilhões de euros (R$ 102 bilhões) à Rússia por importações de energia no primeiro semestre de 2022 –um aumento de 50% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Mesmo que os volumes caiam, com os preços em alta, ainda pagaremos cerca de 3 bilhões de euros por mês”, aponta. Ou 15 bilhões de euros a cada seis meses. Mas, apesar do quadro econômico melhor do que o esperado, o Kremlin parou de publicar uma série de dados econômicos logo após os tanques russos entrarem na Ucrânia.

Com informações via Folha de SP