Manaus – A capital amazonense vive um novo capítulo da já conhecida “indústria da multa”. O Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM) passou a utilizar vans equipadas com sistemas de leitura de placas para flagrar motoristas que estão com o licenciamento dos veículos atrasado. A operação, que foi implantada de forma silenciosa, está gerando uma avalanche de multas — muitas delas chegando de forma repetida ao mesmo condutor, segundo um denunciante.
A medida, embora legal sob o ponto de vista técnico, está sendo duramente criticada por motoristas. A alegação é de que o foco não está na segurança pública, mas sim na arrecadação. Com vans espalhadas em pontos estratégicos da cidade e da região metropolitana de Manaus, o Detran-AM parece ter encontrado uma mina de ouro em meio à crise econômica que afeta a população.
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Vans da discórdia
As vans foram espalhadas como armadilhas pelas vias de maior fluxo da capital amazonense. Dotadas de tecnologia de leitura automática de placas (OCR), elas conseguem escanear veículos em movimento e consultar instantaneamente a situação do licenciamento no sistema do Detran.
O problema é que, segundo especialistas, esse tipo de fiscalização automatizada deveria ter um caráter educativo e pontual, e não servir como um “caça-níquel institucionalizado”. Para muitos, trata-se da “indústria da multa” em sua versão mais agressiva e sofisticada.
Licenciamento como instrumento de arrecadação
Não há dúvidas de que manter o licenciamento em dia é obrigação de todo proprietário de veículo. Mas a maneira como o Detran-AM decidiu fiscalizar essa obrigação é o que está sob questionamento. Em vez de investir em educação, diálogo e campanhas informativas, a autarquia optou pela via mais rentável: multar.
A estratégia é clara — e cruel. Com a economia fragilizada, muitos motoristas atrasam o pagamento do licenciamento por necessidade. Agora, além da dívida com o Detran, acumulam também multas em série e pontos na CNH. Um ciclo que pode culminar na suspensão do direito de dirigir e até na apreensão do veículo.
Cadê a transparência?
O que mais revolta é a falta de transparência. O Detran-AM não fez qualquer comunicado oficial prévio à população sobre a instalação das vans. Não informou onde elas estariam, como funcionariam e qual o objetivo da ação. Simplesmente começaram a multar.
Para alguns, essa é a prova de que o interesse é puramente arrecadatório. Para outros, é mais um exemplo de como o poder público prefere punir a orientar.
Seja como for, a população de Manaus está diante de um novo e preocupante modelo de fiscalização: silencioso, invisível e extremamente lucrativo para os cofres públicos. Uma espécie de Big Brother rodoviário, onde quem paga a conta — e cara — é sempre o cidadão comum.
Fica a pergunta: até onde vai a sede de arrecadação do Detran-AM? E quem vai frear essa avalanche de multas silenciosas?
CM7